Empresas de fora detкm hoje cerca de 75% dos voos internacionais a partir e para o Brasil. Com pacto de cйus abertos com Estados Unidos a partir de 2015, brasileiras correm risco de perder ainda mais terreno.
Em seus tempos бureos, a Varig atuava em pй de igualdade com as empresas estrangeiras que voavam para o Brasil. Mas desde o fim da companhia aйrea brasileira, em 2006, as de fora vкm ganhando terreno. E elas deverгo conquistar ainda mais espaзo quando a ъltima etapa do acordo de cйus abertos ("open skies") entre Brasil e Estados Unidos entrar em vigor.
A partir de 1є de outubro de 2015, novos itinerбrios e o aumento de frequкncias (voos) em rotas jб existentes vгo ocorrer independentemente das cotas em vigor atй o momento de, no mбximo, 301 voos semanais para estrangeiras e a mesma quantidade para as nacionais. Ou seja, nгo haverб limites de frequкncia.
As negociaзхes se darгo entre a companhia interessada e o operador do aeroporto, conforme a disponibilidade dos chamados "slots" autorizaзхes de pouso e decolagem. Assim, as empresas aйreas americanas vгo ter a chance de aumentar sua fatia no bolo das frequкncias entre Brasil e EUA.
De acordo com a Agкncia Nacional de Aviaзгo Civil (Anac), as americanas Delta Airlines, United Airlines e as atuais American Airlines e US Airways, que se fundiram no ano passado, detкm hoje 177 voos semanais entre Brasil e EUA. Por sua vez, a TAM opera, em mйdia, 34, e a Gol, 14, totalizando 48 frequкncias semanais.
Antigamente, a Varig detinha cerca de 50% dos voos internacionais, e as empresas de fora ficavam com a outra metade, segundo a Junta de Representantes das Companhias Aйreas Internacionais no Brasil (Jurcaib). Hoje, estima-se que as companhias estrangeiras fiquem com aproximadamente 75% das frequкncias internacionais, e as nacionais, com 25%.
Mesmo que proporcionalmente a participaзгo das empresas brasileiras tenha sido reduzida, o desenvolvimento do setor nos ъltimos anos й positivo, considera Gianfranco Beting "Panda", diretor de comunicaзгo da Azul Linhas Aйreas e especialista em aviaзгo.
"Havia uma йpoca em que, para se voar para os EUA sу existiam a Varig e a PanAm. Como em qualquer duopуlio, quem saнa perdendo era a populaзгo", diz. "Tudo bem que hoje nenhuma companhia brasileira voa para a Бsia [como a Varig fazia], mas temos uma presenзa significativa nos EUA e na Europa."
Rota Brasil-EUA deve crescer 6,5% ao ano
Com a entrada em vigor da ъltima etapa do acordo de cйus abertos, que foi assinado em 2011, a tendкncia й que o trбfego de passageiros e de carga entre Brasil e EUA aumente a uma taxa mйdia de 6,5% ao ano, segundo a Federal Aviation Administration (FFA), dos EUA.
Tanto as empresas americanas quanto as brasileiras devem ampliar a oferta nas rotas entre os dois paнses. Em entrevistas а mнdia brasileira, executivos da Delta, da American Airlines e da US Airways demonstraram que pretendem aumentar a quantidade de voos semanais e tambйm os destinos atendidos. Uma maior quantidade de frequкncias deve fazer com que o preзo dos tнquetes aйreos caia.
Entre as brasileiras, a TAM informou, por meio de nota, que, para 2015, prevк a criaзгo de um reforзo nas rotas entre Brasil e EUA, com a criaзгo do voo Brasнlia-Orlando, projetado para o terceiro trimestre. No mesmo perнodo, o voo Brasнlia-Miami deverб atingir sete frequкncias semanais.
A Gol informou que a empresa estб avaliando novas oportunidades, mas ainda nгo fechou nenhum voo extra por conta do acordo de cйus bertos. A Azul vai comeзar a operar 14 frequкncias semanais a partir de dezembro deste ano para Miami e Orlando e pretende, a partir do ano que vem, voar sete vezes por semana para Nova York.
A Associaзгo Brasileira das Empresas Aйreas (Abear) pede que, em вmbito domйstico e internacional, as empresas brasileiras desfrutem de condiзхes equilibradas de competitividade em relaзгo аs de outros paнses. Uma das reivindicaзхes й em relaзгo ao preзo do querosene de aviaзгo (QAV): para abastecer seus aviхes no Brasil, as empresas nacionais pagam cerca de 25% a mais que as estrangeiras.
Para Robson Bertolossi, da Jurcaib, as companhias brasileiras tкm interesse em crescer no mercado internacional, porйm, elas esbarram no preзo do QAV e no pouco nъmero de aviхes de longo alcance disponнveis quando comparadas com empresas americanas ou europeias.
"As empresas brasileiras teriam que crescer de forma exponencial para conseguir ocupar o mesmo espaзo que a Varig tinha no mercado internacional. E, como a TAM e a Gol tкm tido um histуrico de resultados negativos, й complexo aumentar a frota e incrementar serviзos", diz Bertolossi. "As internacionais continuarгo a transportar uma parcela significativamente maior que as nacionais por um longo tempo."
Um acordo parecido tambйm estб em negociaзгo com a Uniгo Europeia, mas ainda nгo hб previsгo de quando serб concluнdo.
Maior aviгo do mundo no Brasil
Alйm da ъltima etapa do acordo de cйus abertos, empresas aйreas internacionais aguardam outra regulamentaзгo no Brasil. As companhias que tкm em suas frotas o Airbus A380 maior aeronave de passageiros do mundo, que pode levar mais de 530 pessoas aguardam a homologaзгo dos aeroportos de Guarulhos, em Sгo Paulo; e do Galeгo, no Rio de Janeiro, para usar o superjato nas rotas para o Brasil.
Com o uso dos A380, as empresas vгo substituir as aeronaves que atualmente fazem a rota, como Airbus 330 e 340 e Boeing 747 e 777, e ganhar quase o dobro em volume de passageiros usando somente uma autorizaзгo para pouso e decolagem. Como resultado, as companhias estrangeiras devem aumentar a capacidade nas rotas para o paнs e a participaзгo na fatia de voos internacionais.
O aeroporto de Guarulhos jб tem um terminal pronto para receber o superjato, mas a pista ainda nгo estб adequada. Segundo a assessoria, as obras vгo ser finalizadas atй marзo de 2015. Em contrapartida, o terminal carioca disse em nota que estб trabalhando para obter o certificado, e a previsгo й que isso aconteзa atй o fim deste ano.
Entre as companhias que estгo de olho na homologaзгo estгo a Air France e a Lufthansa. A alemг deve colocar o aviгo na rota de Frankfurt para Sгo Paulo assim que o aeroporto de Guarulhos receber a homologaзгo da Anac. A empresa tambйm opera voos de Munique para Sгo Paulo e de Frankfurt para o Rio de Janeiro.
"A Lufthansa vai trazer o A380 para Sгo Paulo assim que a homologaзгo sair", afirmou a diretora-geral do Grupo Lufthansa no Brasil, Annete Taeuber, durante a 42Є Feira da Associaзгo Brasileira de Agкncias de Viagem (ABAV), realizada em setembro.
Jб a Air France, que opera no Brasil 30 frequкncias semanais para Rio, Sгo Paulo e Brasнlia, afirmou em nota que um dos prуximos passos da companhia й trazer o A380 para o Brasil. Segundo o diretor-geral da Air France-KLM para o Brasil e Cone Sul, Hugues Heddebault, "o aeroporto que estiver pronto primeiro receberб a aeronave".
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