Afinal, Dimitri era espanhol, francês ou brasileiro? Os três. Embora tenha nascido na Espanha, ele tinha também nacionalidade francesa, por ser filho de um francês. Além disso, naturalizou-se brasileiro. E esse fato é comprovado: conseguimos cópia integral do processo de naturalização no Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro. O título de cidadão brasileiro foi concedido a Dimitri no dia 15 de fevereiro de 1916, pelo Ministério da Justiça.
Dimitri nasceu na Espanha em 1882, no período em que seu pai teve negócios por lá, mas veio para o Brasil ainda muito jovem, com cerca de 15 anos de idade. Ficou no Brasil por 18 anos, onde se casou com uma brasileira de Campinas, filha de franceses, com quem teve três filhos, todos nascidos no Brasil.
Dimitri tinha forte ligação com a França, terra do seu pai, falava português com sotaque francês e foi na França que passou os 27 últimos anos de sua vida. Todos os jornais brasileiros da época do voo, no início do século 20, referiam-se a Dimitri como francês. Por outro lado, na França ele era considerado brasileiro.
Uma curiosidade é que, de acordo com sua certidão de nascimento, cuja cópia nos foi enviada por Alain Cerf, autor do livro "Dimitri Sensaud de Lavaud - Um ingénieur extrodinaire" (Um engenheiro extraordinário), ele foi registrado com o nome de Mariano Demetrio Sensaud Bogdanoff, em homenagem ao seu avô materno, que era russo, como sua mãe. Veja o detalhe da certidão abaixo.
Mais tarde, adotou o nome Dimitri Sensaud de Lavaud, que aparece em sua certidão de casamento e em todos os documentos posteriores. Abaixo, um detalhe da certidão de casamento, que obtivemos no cartório onde ele se casou, em São Paulo.
Assim, embora Dimitri fosse espanhol de nascimento, as duas nacionalidades que abraçou durante a vida foram a francesa e a brasileira. Pelo mesmo motivo que não nos referimos a Carmen Miranda como uma atriz portuguesa (ela nasceu em Portugal), nem a Clarice Lispector como uma escritora ucraniana (ela nasceu na Ucrânia), tampouco nos referimos a Dimitri como espanhol. Ele era francês. E brasileiro.
Depois de uma década trabalhando com animações com captura de movimento - O Expresso Polar . A Lenda de Beowulf . Os Fantasmas de Scrooge - Robert Zemeckis volta ao live-action em O Voo (Flight ), drama protagonizado por Denzel Washington .
Na trama de O Voo . quando o motor de seu avião dá problema, o piloto Whip (Washington) consegue salvar a aeronave e seus passageiros, tornando-se um herói. Quando a FAA (sigla nos Estados Unidos para Administração Federal de Aviação) investiga e acha evidências de abuso de álcool, a situação do piloto se inverte.
O roteiro foi escrito por John Gatins (Coach Carter ) e a produção de O Voo fica com Walter Parkes e Laurie MacDonald (Um Jantar para Idiotas ). A Paramount lança o filme nos EUA em 2 de novembro. No Brasil, a estreia de O Voo acontece em 8 de fevereiro, na espera de alguma indicação ao Oscar .
O filme é interessante e o desempenho de Denzel ainda melhor: o ator sempre se sai bem com personagens que estão sob algum tipo de pressão, no limite entre suas vulnerabilidades e seu vigor diante de uma determinada situação. A sequência do acidente de avião impressiona, é de tirar o fôlego! Apesar de um tanto longo, o filme prende a atenção na expectativa do que ocorrerá com o piloto Whip, que se mostra dúbio diante da dependência química e do medo de ser responsabilizado pela queda da nave.
Comentário contando partes do filme. Mostrar .
Apesar de um pouco forçada (talvez até piegas), sua redenção no desfecho do longa foi válida e entregou os melhores momentos no que se refere à performance de Denzel, justificando sua indicação ao Oscar de melhor ator em 2013.
Denzel Washington tem passado os últimos anos como astro de ação em filmes no geral bons, mas que não exigem muito de seu talento, pois seu carisma já é o bastante para encher a tela. Mas grande ator que é, sabia que ele não dispensaria a chance de reafirmar seu talento e aqui isso ocorre.
O filme é dele. Simplesmente isso. Temos coadjuvantes ótimos mas não adianta, é Denzel que marca com sua forte presença. Seu personagem faz o espectador perder seu senso moral e torcer para que ele se dê bem, mesmo tendo provas e mais provas de que ele é um irresponsável sem limites.
O longa acerta em não forçar no dramalhão e tem até um certo tom cômico em alguns momentos, mas quando precisa mexer com os sentimentos de quem está vendo faz isso muito bem, ainda mais se o espectador tiver alguém próximo que passe por esse problema.
Também achei o final muito bem construído, pois caminha em uma direção e depois muda totalmente, seguindo uma trilha que poderia ser moralista, mas funciona perfeitamente com a trama desenvolvida.
É ótimo ser surpreendido positivamente e é isso que "O Voo" consegue fazer.
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